Sanguessuga como tratamento
Durante milênios, a sanguessuga foi usada como um dos principais remédios para chupar o sangue das pessoas.
Esse parasita, encontrado na água doce e que se assemelha a uma lesma bem escura, começou a ser usado na Índia há cerca de 2.500 anos e se difundiu por todo o Ocidente.
Como a especialidade desse verme é justamente chupar o sangue de seus hospedeiros sem causar desconforto, era utilizado para o tratamento de doenças onde se acreditava que o problema era o aumento da concentração do sangue, como cefaleia e hemorroida.
A sanguessuga é uma perfeita máquina de chupar sangue, pois possui ventosas nas duas extremidades do corpo que lhe permitem ficar grudada na sua vítima. Com seus dentes afiados, ela dá uma mordida que é totalmente indolor, pois vem acompanhada de um anestésico natural
Na pele da pessoa, fica a marca da incisão feita pela sanguessuga. A saliva dela tem substâncias anticoagulantes que impedem a cicatrização e fazem o sangue da vítima fluir livremente.
O verme pode sugar o equivalente a dez vezes seu peso corporal (ou 150 mililitros de sangue), aumentando muito de comprimento para receber todo esse alimento.
No século 19, os hospitais de Paris usavam até 6 milhões de sanguessugas para retirar 300 mil litros de sangue por ano dos pacientes.
Em hematologia, foi utilizado em situações onde há quantidade aumentada de glóbulos vermelhos (poliglobulia) como na policitemia vera, uma neoplasia mieloproliferativa tratada inicialmente com retirada de sangue total (flebotomia), agendada em bancos de sangue.
Nos últimos anos, entretanto, as sanguessugas voltaram à cena nos Estados Unidos e na Europa, revelando-se úteis no pós-operatório de pacientes que tiveram membros reimplantados.
É que elas ajudam a restabelecer a circulação sanguínea entre os tecidos reconstituídos, pois, ao chupar o sangue, incentivam a formação de novas veias – que são difíceis de se reconectar nas cirurgias por serem finas.
A técnica não chegou ao Brasil pois a espécie européia do animal, Hirudo medicinalis, não é encontrada aqui.
Texto adaptado da Revista Superinteressante